Eu vejo teu olhar tão frio
Lembro antes ser diferente
Havia tanto fogo na gente
Hoje só resta um vazio.
Ergueram-se muros tão altos
Por nossas mãos construídos
E vi nossos sonhos destruídos
Nos sentimentos ingratos.
Alguma fina ponta de orgulho
Ou uma densa crença no fracasso,
Torna-se uma lágrima que disfarço
No fundo do poço em que mergulho.
O amor consegue ser tão contraditório
Ora paz, ora guerra... ora obviedade
Ora mentira boa, ora má verdade
Circulo sem fim e aleatório...
Tropeço sempre na mesma pedra
Como se ela fosse mudar de lugar
Mas o erro insiste em ficar
E a vida e insiste em me ser cátedra
Volto-me ao teu sorriso e tudo volta
Abraço o travesseiro como fosse teu corpo
Sinto que dentro de mim já o perdoo
E até vou abrir um pouco a porta
Porque sem você - em vida sinto-me morta
Porque dentro de mim sinto que sufoco
E questiono se um dia serei forte o bastante
Pra enfrentar o quer vier qual seja a sorte
E por mim mesma me tornar mais forte
Ver esse amor empoeirar como em uma estante
Ver sua chama esfriar e apagar
Mas no fundo não aceitar
E querer tudo como era antes...